quarta-feira, 13 de março de 2013

Nasa encontra condições para a vida no passado de Marte



Pode ter existido vida microbiana no passado em Marte, segundo uma análise dos minerais contidos na primeira amostra de uma rocha coletada com instrumentos do Curiosity, anunciou nesta terça-feira (12) a Nasa (Agência Espacial Americana). 


O robô está em solo marciano desde agosto de 2012 e buscava evidências de ambientes habitáveis no planeta vermelho.


"Uma pergunta fundamental desta missão é se Marte pode ter sido propício para a vida", disse Michael Meyer, cientista chefe do Programa de Exploração de Marte da Nasa. "Pelo que sabemos agora, a resposta é sim".


Os cientistas identificaram enxofre, nitrogênio, hidrogênio, oxigênio, fósforo e carbono - alguns dos ingredientes químicos essenciais para a vida - no pó retirado pelo Curiosity mês passado.

No início de fevereiro, o robô concluiu a primeira perfuração no planeta vermelho, para coletar amostras da rocha chamada "John Klein" no 182º dia de missão.


Em dezembro. a agência havia divulgado que o Curiosity descobriu moléculas de água, enxofre e perclorato, um composto formado por cloro e oxigênio, na duna de areia Rocknest.

O perclorato tem partículas de carbono, elemento orgânico fundamental para a formação da vida, mas na época ainda não era possível afirmar se o carbono era de origem marciana ou tratava-se de uma contaminação da Terra.


Será realizada uma perfuração adicional para confirmar estes resultados.


Condições para a vida 


As pistas que indicam que Marte já teve um meio habitável vieram da análise de dados dos instrumentos SAM (Análise de Amostras de Marte) e CheMin (Química e Mineralogia).

Segundo elas, a área de Yellowknife Bay era o final de um antigo rio ou um lago intermitente que pode ter fornecido a energia química e outras condições favoráveis para o desenvolvimento de micróbios.

A pedra é composta de um tipo de argilito refinado, com minerais de argila, minerais de sulfato e outras substâncias químicas.

Este ambiente antigo e molhado, ao contrário de alguns outros em Marte, não é muito oxidado, ácido nem extremamente salgado.


"A variedade de ingredientes químicos que identificamos na amostra é impressionante, e sugere pares tais como sulfatos e sulfetos que indicam uma possível fonte de energia química para micro-organismos", disse Paul Mahaffy, investigador principal do conjunto de instrumentos SAM.


A amostra foi retirada de uma rocha onde encontra-se em uma rede antiga de canais de correnteza na borda da Cratera Gale. A base mostra evidências de múltiplos períodos de terra molhado, incluindo nódulos e veias.


Na última quinta (7), artigo publicado na Science informou que foram encontradas marcas "recentes e profundas" de corredeiras debaixo do solo de um dos maiores vales de Marte. 
O sistema de canais tem mil quilômetros de comprimento e indica que a atividade hidrológica dataria de cerca de 500 milhões de anos atrás.


"Os minerais da argila são, no mínimo, 20% da composição da amostra", disse David Blake, investigador principal do instrumento CheMin.

Estes minerais são o produto da reação da água fresca com minerais de origem vulcânica, como a olivina, também presente no sedimento.

A presença do sulfato de cálcio, juntamente com a argila, sugere que o solo é neutro ou ligeiramente alcalino.


Os cientistas ficaram surpresos ao encontrar uma mistura de compostos químicos oxidados, menos oxidados, e não oxidados, proporcionando um gradiente de energia do tipo que muitos micróbios da Terra exploram para viver. Esta oxidação parcial foi sugerida porque os cascalhos eram cinza em vez de vermelho.


"Nós encontramos uma área, que apesar de muito antiga, é 'cinza', onde as condições já foram favoráveis?? à vida ", disse John Grotzinger, cientista do Laboratório de Ciência de Marte.

"O Curiosity está em uma missão de descoberta e exploração, e como uma equipe, sinto que há muitas descobertas mais excitantes pela frente nos próximos meses e anos."


Os cientistas planejam trabalhar com o robô na Yellowknife Bay ainda por muitas semanas antes de começar mais uma longa viagem para o centro da Cratera Gale, o Monte Sharp.

Ao investigar as camadas expostas no Monte Sharp, onde minerais de argila e de sulfato foram identificados, pode adicionar informações sobre a duração e a diversidade das condições habitáveis de Marte.



Esta comparação lado-a-lado mostra os padrões de difração de raios-X de duas amostras diferentes coletadas a partir da superfície marciana pelo Curiosity.

À esquerda, padrões obtidos a partir de poeira transportada pelo vento e areia do local chamado "Rocknest" (e analisado pela Nasa em dezembro de 2012); à direita, dados da amostra da rocha perfurada "John Klein" (e dados divulgados em março de 2013).

A presença de minerais de argila abundantes em John Klein e a falta de sal sugerem um ambiente de água doce. A presença maior de sulfatos de cálcio em vez de sulfatos de magnésio ou ferro sugere um ambiente de pH neutro a levemente alcalino.

A mineralogia de Rocknest sugere um ambiente seco, com ventos e baixa atividade de água. Já em John Klein, os dados indicam um ambiente com grande atividade de água.


Este mapa com cor falsa mostra a área dentro da Cratera Gale em Marte onde o robô Curiosity pousou em 05 de agosto de 2012 e o local onde o robô recolheu sua primeira amostra perfurando a rocha "John Klein".

A imagem combina dados topográficos com dados térmicos, que registram a capacidade da superfície para segurar o calor.

O vermelho indica uma superfície que retém o calor por mais tempo. A área oval em preto indica a área de pouso do robô.

A parte acima indicada como "alluvial fan" é uma área de detritos formada por água corrente. Parece provável que os sedimentos foram transportados por água para John Klein, que seria parte de um sistema de 'leques aluviais'. Os materiais fluíam com a água e os sedimentos acumulados para formar um ambiente habitável.


Fonte: UOL

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