segunda-feira, 22 de julho de 2013

Jogadores do Jacareí afirmam que moram com fantasmas

Jogadores e comissão técnica moram em estádio mal-assombrado (Foto: Danilo Sardinha/Globoesporte.com)

Atletas do clube da quarta divisão de São Paulo relatam casos misteriosos em estádio construído em cima de cemitério indígena.

Nas paredes de um corredor largo e escuro, sombras acompanham o andar apressado do grupo de jogadores. Com lanterna em mãos, eles entram nos alojamentos do estádio Stavros Papadopoulos, em Jacareí, interior de São Paulo, e fecham a porta rapidamente.

Se puderem, sairão dali somente quando amanhecer. A intenção é evitar a situação que soa como lenda, mas que eles garantem já ter vivido: escutar barulhos misteriosos e se deparar com vultos pelos corredores.

Contratados para defender o Jacareí Atlético Clube no Campeonato Paulista da Segunda Divisão (equivalente à quarta do estado), 22 atletas, com idades entre 17 e 24 anos, moram nos dormitórios que ficam embaixo das arquibancadas.


Neste domingo, 21, eles entraram em campo para disputar a última rodada da primeira fase do Estadual. Às 10h, enfrentam o ECUS, no estádio Francisco Marques Figueira, em Suzano (SP).


A equipe está na quinta colocação do Grupo 7, com seis pontos em nove jogos, e não tem mais chances de classificação. Mas a eliminação não é somente o que ficará gravado na memória dos jogadores após o torneio.


Bebidas, pipoca, um vaso quebrado e uma carta são oferendas colocadas ao lado do estádio (Foto: Danilo Sardinha/Globoesporte.com)


Pelo sonho de conquistar a ascensão no futebol, aceitaram encarar o desafio de morar nos alojamentos com condições precárias.


O que não sabiam antes de assinar contrato, porém, é que viveriam em um estádio construído em cima de onde já existiu, em séculos passados, um cemitério indígena. E que ao anoitecer o local se torna assustador.


Luzes, por exemplo, só existem dentro dos alojamentos, do banheiro e da cozinha. Nos corredores, na arquibancada e no gramado, a escuridão é total durante a noite. Ratos frequentemente são vistos circulando. E pelos arredores do estádio, oferendas para rituais de magia negra ficam escondidas atrás de moitas.


O historiador e ex-prefeito de Jacareí, Benedicto Sérgio Lencioni, autor de oito livros sobre o município, é quem revela o passado do local.


Segundo ele, o estádio está em uma região onde existia, há muito tempo, um sítio arqueológico indígena. Fato que o presidente do clube, Iedson Pereira, aponta como um dos possíveis motivos para as assombrações.


- Os meninos contam histórias que acontecem durante a noite no estádio. Realmente, às vezes nós escutamos alguns barulhos e não vemos nada. O pessoal fica meio assustado com isso - contou o dirigente.


As histórias vão desde sons misteriosos até a aparição de espíritos no quarto dos atletas. O meio-campista Éderson, de 24 anos, é um dos que já viveram essa experiência. Da primeira passagem pelo JAC, em 2009, guarda uma recordação marcante. E nada agradável.


A mulher do alojamento


Era noite, e, em meio à escuridão do Stavros Papadopoulos, Éderson e um ex-zagueiro do time, Douglas, dormiam no alojamento dos fundos do estádio.


O meia Éderson em um túnel que dá acesso ao gramado; jogador já viu um espírito no alojamento (Foto: Danilo Sardinha/Globoesporte.com)


Quando o relógio marcava três da madrugada, Éderson despertou. Abriu os olhos e viu um vulto branco ao lado do colchão do amigo. Assustado, forçou a visão, e o vulto se tornou nítido. Uma mulher estava ali. Em questão de segundos, ela trocou olhares com o meio-campista e deixou o quarto. 


- No outro dia, peguei meu notebook e vi, no canto da tela, uma foto. Cliquei e abriu o rosto de uma mulher. Pensei que alguém tivesse usado o computador e salvado aquela imagem. Perguntei para os meus colegas se alguém tinha mexido no notebook, e todos negaram - relembrou o atleta.


Passados alguns dias, Douglas contou para Éderson que tivera pesadelos e sentira o corpo pesado. O meia, então, falou sobre o episódio da madrugada e perguntou se o companheiro havia se envolvido com alguma mulher.


Ao ouvir como resposta “minha ex-noiva”, ele pediu as características da jovem. A descrição impressionou. É a mesma da foto e da imagem que apareceu no quarto.


- Para mim, essa coisa de espíritos não faz diferença. Mas, na hora que você vê, fica receoso porque não sabe o que é.


Quando cheguei aqui, sempre conversava com meus pais no telefone que fica na beira do campo. Era mais de meia-noite, e eu sentia que tinha gente atrás de mim, me observando.


Atletas que ficam conversando nas arquibancadas dizem ver, durante a noite, vultos no campo (Foto: Danilo Sardinha/Globoesporte.com)


Olhava e nada. Meu corpo inteiro se arrepiava. Quando você vê essas coisas, fica meio assim. Não estamos acostumados a ver isso, mas pude comprovar que é verdade - afirmou Éderson.


Em busca de ‘noites’ melhores


Apesar de viverem em um estádio cercado por histórias misteriosas, alguns jogadores dizem nunca terem presenciado nada de estranho.


Não negam que o ambiente é sombrio durante a noite, mas, para a maioria deles, isso é apenas mais um obstáculo a ser superado na luta por um futuro próspero no futebol.


Os atletas pertencem à empresa Conexão Esportes, de São Paulo, que tem parceria com o clube da região do Vale do Paraíba. Vieram de diversos estados do país para tentar colocar o JAC no Campeonato Paulista da Série A3.


Dormitório dos atletas no estádio Stavros Papadopoulos (Fotos: Danilo Sardinha/Globoesporte.com)


Desde que foi fundado, em 1980, o Jacareí tem como sua maior conquista o título da Segunda Divisão Paulista (à época, equivalente à Série A3), em 1988. Neste ano, a equipe está no Grupo 7 do Campeonato Paulista da Segunda Divisão.


- Temos que passar por isso para conseguir algo melhor. É preciso roer o osso primeiro para depois comer o filé mignon - resumiu Eddi, goleiro do time.



 Fonte: Globo Esporte

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