sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Mulher foi assassinada e mumificada em ritual inca há 500 anos, diz estudo

Mulher foi assassinada e mumificada em ritual inca há 500 anos na América do Sul, diz estudo publicado na revista Plos One. A mulher tinha entre 20 e 25 anos e morreu entre 1450 e 1640 na fronteira entre o Chile e o Peru. Ela apresenta sinais de doença de Chagas e marcas em seu crânio (com formação típica do povo inca) que sugerem que ela foi assassinada


Trança no cabelo da mulher mumificada de 20 a 25 anos. A fibra das faixas de cabelo parecem ser de origem animal, de lhamas ou alpacas. Análise de isótopos de nitrogênio e carbono no cabelo revela uma dieta provavelmente composta de milho e frutos do mar, o que, juntamente com outras evidências, sugere sua origem sul-americana, na costa do Peru ou Chile


Vista detalhada do rosto da múmia, com defeito transversal acima do olho esquerdo. Ambos os olhos estão fechados e cobertos por pele. A boca é oval e está aberta, sem os dentes frontais



A múmia também mostrou engrossamento significativo do coração, intestinos e do reto, características tipicamente associada com a doença de Chagas crônica, um tipo de infecção parasitária tropical. Na imagem, reconstrução em 3D do esqueleto, projeção do esqueleto completo e detalhe que mostra a espinha preservada  



Detalhe mostra a espinha intocável com a preservação dos discos lombares. A análise do DNA de parasitas encontrados em amostras de tecido do reto também apontam para a doença de Chagas crônica, uma doença que ela provavelmente tinha desde a primeira infância 



Reconstruções tridimensionais da cabeça mostram a destruição das partes superior e frontal do crânio, bem como a face média. A estrutura sugere que o trauma foi adquirido antes da morte e indica enorme força bruta



Imagem da cabeça e do pescoço mostra numerosos fragmentos ósseos dentro do crânio, restos de tecido do cérebro e, possivelmente, hemorragias que acumularam especialmente na fossa posterior (seta longa) . A língua estava preservada (seta curta). Observe o achatamento visível do occipital (seta pontilhada) indicando deformidade artificial em vida



Imagem axial (A) e coronal (B) do peito mostra pulmão colapsado (setas curtas) e um coração relativamente grande com uma parede sensivelmente engrossada (setas longas). O coração recobre o diafragma (seta tracejada no B). A estrutura hiperdensa dentro do coração representa o sangue seco



Imagem axial (C) e coronal (D) da pelve demonstra enorme engrossamento circular da parede do reto (setas). A combinação da parede patologicamente engrossada do coração e do reto sugerem o diagnóstico da doença de Chagas


Seção não descalcificada da cartilagem (parte superior) e óssea (metade inferior) na zona de transição da patela. Note-se a cartilagem excelentemente bem preservada e matriz de osso e de resíduos de material nuclear em alguns dos condrócitos (setas) 


A múmia de uma mulher jovem, que teve doença de Chagas, mostra indícios de um forte trauma na cabeça que pode ter sido originado por um homicídio ocorrido em um ritual há cinco séculos na América do Sul, conforme um artigo publicado na quarta-feira (26) pela Public Library of Science.


A múmia, achada no litoral do Pacífico, perto da fronteira entre o Chile e o Peru, e que durante quase um século permaneceu sem identificação na Coleção Arqueológica do Estado da Baviera, na Alemanha, foi examinada por Stephanie Panzer, do Centro Murau de Trauma sob a direção do paleontólogo Andreas Nerlich, da Universidade de Munique.


Para entender melhor a origem e a trajetória da mulher, os cientistas examinaram o esqueleto, os órgãos e DNA empregando técnicas da pesquisa antropológica, um escaner computadorizado completo do corpo, análise de isótopos, histologia, identificação molecular e reconstrução legista da lesão.


O método de datação por radiocarbono revelou que a mulher viveu entre 1.450 e 1.640 e, provavelmente, tinha entre 20 e 25 anos de idade quando morreu. As fibras do tecido que cobrem o crânio são de lhama ou alpaca.


As análises de isótopos de nitrogênio e carbono do cabelo mostraram uma dieta que, provavelmente, incluía milho e peixe, e que corresponde com uma origem e uma vida nas regiões litorâneas.


Além disso, a múmia tinha um engrossamento significativo do coração, o reto e os intestinos, características das pessoas que sofrem da doença de Chagas. Acredita-se que a mulher teve a doença desde a infância.


O crânio da múmia está deformado pelas faixas atadas que são típicas da cultura Inca; e a tomografia computadorizada mostrou uma "destruição quase completa dos ossos do rosto e da testa", acrescentou o estudo.


"O tipo de destruição sugere um golpe enorme no centro do rosto. Isto sustenta a hipótese de um ritual de homicídio do tipo já descrito anteriormente em múmias sul-americanas de indivíduos que sofriam a doença crônica grave", destacou o estudo.


Fonte: UOL

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