sexta-feira, 30 de maio de 2014

De onde vêm os estigmas? Parte 2


 
 
Uma série de cientistas modernos supõe que os estigmas são um exemplo clássico de doença psicossomática, que ocorre com pessoas religiosas, tendentes a forte empatia com os tormentos de Jesus Cristo, morto na cruz. Mas poderá ser explicado seu surgimento somente do ponto de vista científico ou em nossa vida ocorrem milagres?


Na maioria dos casos os estigmatizados, que recorreram à ajuda dos médicos, informaram que descobriram seus ferimentos ao acordar de sono longo, ou de ataque acompanhado de visões de enredos bíblicos da crucificação. 
 
 
Na opinião de Sigmund Freud, o surgimento de estigmas está relacionado com o fenômeno da repressão da energia sexual em pessoa, que não tenha a possibilidade de satisfazer, em medida suficiente, suas necessidades fisiológicas e realizar-se na esfera sexual, como ocorre com frequência com representantes do clero e pessoas altamente religiosas.


O psicanalista húngaro Sandor Ferenczi, que também estudou o problema do surgimento de estigmas no corpo, assinala que seu surgimento sempre está relacionado com a perda da sensibilidade dos tecidos, onde se abrem as feridas. 
 
 
Isso também está relacionado com o fenômeno da repressão da consciência e também com a autossugestão, autoidentificação subconsciente com Cristo e o desejo de se punir, partilhando de seus sofrimentos.


Supõe-se que o primeiro estigmatizado foi o apóstolo Paulo. Os historiadores com frequência citam sua frase da Epístola aos Gálatas “ego enim stigmata Domini Iesu in corpore meo porto”, isto é, “pois eu trago em meu corpo as marcas de Jesus” (Gal.6.17). Mas, como os acontecimentos descritos ocorreram há uns mil anos, ninguém pode dizer com certeza se estas palavras tinham um sentido metafórico ou não.


Entre os portadores de estigmas conhecidos está também São Francisco de Assis e a santa monja da ordem dominicana Catarina de Siena e o sacerdote italiano Padre Pio, canonizado pela igreja católica romana em 2002.


A personalidade do Padre Pio merece conversa a parte. Ele pertencia à ordem dos capuchinhos e foi um dos sacerdotes mais queridos do povo italiano. Em 1918 surgiram estigmas em suas mãos e corpo, que não desapareceram até sua morte em 1968. 
 
 
A notícia dos milagres de cura realizados pelo Padre Pio e de que ele era “eleito de Deus” correu rapidamente pelo país e em breve multidões de romeiros foram aos portões do mosteiro de San Giovanni Rotondo para receber sua benção. 
 
 
Uns diziam que ele podia curar doentes incuráveis, outros que via o futuro, terceiros afirmavam que o sangue que saia das chagas tinha aroma agradável de flores e não de metal, como nas pessoas comuns.


O Vaticano não reconheceu imediatamente a origem mística dos estigmas de Padre Pio. Muitos cientistas consideravam-no vigarista e o historiador italiano, professor Sérgio Luzzato até mesmo escreveu o livro “Padre Pio. 
 
 
Milagres e Política na Itália no Novencentos”, desmascarando o famoso sacerdote. Na opinião de Luzzato, o Padre Pio fez ele próprio os estigmas com ajuda de ácido carbônico.


O livro teve enorme repercussão. Uns apoiaram os milagres de Padre Pio e a origem sagrada de seus estigmas, outros estavam absolutamente convictos de que Luzzato realizou uma ótima investigação e desmascarou o vigarista. Seja como for, o Vaticano permaneceu com a sua opinião. O padre Pio foi considerado santo.


Aos cientistas resta encarar com ceticismo os milagres que não têm explicação científica. E aos crentes, crer que pessoas com estigmas são eleitas de Deus. Cada um escolhe em que acreditar. Mas cedo ou tarde o segredo da origem dos estigmas será, com certeza, decifrado.




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